Quase 50 dias após a morte, o corpo do brasileiro Odair Marcos de Faria,
que teria caído do navio italiano Costa Fascinosa durante um cruzeiro
no dia 11 de março, permanece retido na Argentina. A família luta contra
a burocracia argentina e reclama da falta de apoio do governo
brasileiro para a liberação do corpo e o translado para São Paulo.
Odair
viajava com a mulher, Maria Cristina, e desapareceu quando o navio
seguia pelo Rio da Prata em direção a Buenos Aires. O corpo foi
encontrado três dias depois na margem do rio, próximo da localidade de
Punta Lara, na província de Buenos Aires.
De acordo com
Maria Cristina, até agora a família não teve acesso ao inquérito que
apura a morte, nem foi expedido o atestado de óbito. "Estamos
desesperados, pois nossa vida parou. A gente sabe que ele está morto,
mas para os efeitos legais ele continua vivo. Não temos sequer o corpo
para velar e sepultar", disse a viúva.
Segundo ela, o
consulado brasileiro em Buenos Ayres indicou um advogado para acompanhar
o caso, mas a solução esbarra na burocracia argentina. A juíza que
responde por Punta Lara, onde o corpo foi encontrado, declarou-se
impedida de decidir sobre o translado, já que a morte teria ocorrido na
jurisdição de capital argentina.
A família chegou a ser
informada de que, por razões legais, o corpo teria de ser sepultado na
Argentina, mas não concordou. "Creio que é um direito da família ter seu
ente querido sepultado na sua terra", disse Luana Bonafin Faria, uma
das filhas de Odair. Segundo ela, persistem dúvidas sobre a causa da
morte e a família questiona a tese do suicídio levantada pela polícia
argentina.
"Dizem que há imagens mostrando a queda dele,
mas nada nos foi apresentado até agora." Para complicar, o
reconhecimento do corpo, feito por um irmão de Odair, também terá que
ser refeito. "Apesar de terem sido apresentados os documentos, eles
alegam que não são suficientes para comprovar o parentesco."
O
Itamaraty informou, através da assessoria de imprensa, que acompanha de
perto o caso de Odair, e que o translado do corpo depende de uma
autorização judicial que ainda não saiu. O órgão informou ter indicado
um advogado para acompanhar o caso e que tudo está sendo feito para
acelerar o processo, dentro do que determinam as leis argentinas.
Ainda
segundo o órgão diplomático, o translado do corpo, assim que for
autorizado, terá de ser feito às expensas da família, já que não há
previsão legal para o governo brasileiro custear as despesas. O custo,
segundo a família, fica em torno de R$ 40 mil.
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